Friday, October 06, 2006

Festa do Cascudo: um tributo ao homem pescador


A festa do Cascudo tem relevância e importância, para a história de Guaramirim, pois esta deveria ser um tributo e uma homenagem ao majestoso Rio Itapocu, que até nos 70 era habitado por esse peixe. Cascudo é uma designação comum a vários peixes teleósteos, siluriformes, da família dos loricariídeos.
O Rio Itapocu e os seus pequenos afluentes (riachos e ribeirões), desde os primórdios do Caminho do Peabiru, no Século XVI, atraiu os olhares indígenas, africanos e europeus. Os indígenas foram os primeiros habitantes que conheceram essa espécie de peixe. Os descendentes de escravos que na condição de fugitivos das fazendas existentes na Baia da Babitonga e arredores, logo descobriram a importância desse peixe de agradável paladar. A mesma descoberta foi também realizada pelo europeu, que a partir de 1850 intensificou a procura pela sobrevivência, explorando a riqueza da mata e as profundezas do Rio Itapocu, habitadas por inúmeros cardumes de peixes, destaque ao cascudo, por ser um peixe exótico e de beleza incomparável.
Antigamente, muito dos colonos faziam relatos de pescas realizadas por eles com uso de jiquins, balaios ou redes. Segundo relato era comum e fácil, a pesca do cascudo. Mas a maioria dos colonos europeus, entre italianos, alemães e poloneses, desconheciam a origem da espécie do cascudo e o aproveitamento alimentar, deste. Por isso, os colonizadores aproveitavam para realizar o cozimento dessa espécie de peixe somente aos porcos.
Com o passar dos tempos, o cascudo passou a agradar o gosto consumista do colono. Rapidamente, se propagou a possibilidade de seu aproveitamento alimentar, como frituras, caldos e asados.
Em poucas décadas, o Rio Itapocu e seus afluentes sofreram intensa exploração da pesca indiscriminada, inclusive se passou a exportar o cascudo, para os grandes centros consumidores. Tal prática desenfreada levou o desaparecimento quase por completo da espécie.
Hoje restam a penas memórias de pescadores, recheadas de muitas histórias de um passado remoto, que já mais voltará.
E muitos dos pescadores se tornaram personagens estimados e admirados ao longo dos tempos: Elpideo Vieira, Ezequiel, Miro, Chico Cândido, Jango, Venâncio Spézia, João Góes, Lauro Setter, Sérgio Setter, Ico Otto, dentre outros.
A história da pesca do cascudo, no principal rio, do Vale do Itapocu foi permeada por uma rede de relações econômicas, sociais e culturais, que permanecem viva no imaginário, dos antigos moradores de Guaramirim e arredores.
Realizar a festa do cascudo nesta perspectiva histórica é realizar um tributo ao homem pescador, uma profissão em extinção.